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Tapetes podem
ser definidos como produtos têxteis feitos geralmente à mão
e consistindo num certo número de fios verticais paralelos
(cadeia), atravessados em ângulo reto por fios horizontais
de várias cores (trama), dispostos em nós ou pontos de tipos
e dimensões também variados, que formam um motivo ou desenho
naturalista ou geométrico. Os tapetes destinam-se quase
todos ao revestimento de pisos, embora os haja para outros
fins (como os que forram selas de montaria, por exemplo); ou
às tapeçarias, que funcionam como decorações murais, como
uma pintura.
A maioria dos
tapetes orientais é confeccionado em Lã, tendo na sua base o
algodão, porém muitos tapetes são bordados em seda ou lã de
camelo. Seu tingimento muitas vezes desbotado em algumas
partes deve-se ao fato de serem utilizados corantes animais,
vegetais e minerais.O leite de ovelha e ou urina é
geralmente utilizado para fixar o pigimento. Os tapetes
tribais, como são conhecidos, são tecidos em teares
horizontais, no chão, por serem confeccionados por tribos
nômades ou em pequenas aldeias mais isoladas. Seus desenhos
geométricos a cor vermelha e suas laterais tortuosas são
características comuns neste tipo de tapete. Já os tapetes
de cidade, são tecidos em teares verticais, com desenhos
muito elaborados, a quantidade de nós é muito maior, dando
uma definição detalhada ao desenho. De acordo com o uso a
que se destinam, pode-se distinguir uma grande variedade de
tapetes: os de oração, talvez os mais apreciados, geralmente
de boa qualidade e facilmente reconhecíveis, por ostentarem
como motivo de sua decoração um desenho em forma de nicho
pontiagudo (mihrab), sobre o qual o fiel se ajoelha,
apontando-o em direção a Meca; os funerários, não raro
exibindo um cipreste estilizado entre seus ornatos; os de
tenda, de grandes dimensões, entre outros. Muito afamados
são os chamados tapetes de Meca, ou Shiraz de Meca, que se
destinavam a serem ofertados a mesquitas, e provinham quase
sempre da cidade persa de Shiraz. A qualidade e o preço de
um tapete são aquilatados segundo a beleza de sua decoração,
a antigüidade (consideram-se antigos todos os tapetes
executados antes de 1870, isto é, antes da introdução, na
fabricação, de corantes à base de anilinas),dimensões,
estado de conservação, perfeição e minúcia de execução.
Existe uma relação direta entre o número de nós por cm2
(contados no dorso da peça em exame, com auxílio de uma
lupa) e seu valor monetário, estimando-se que 100 nós por
cm2 correspondam a uma fina execução, e oito nós, a uma
elaboração grosseira. As texturas mais cerradas procedem da
Pérsia, sobretudo de Kashan. Em exemplares comuns, os
tapetes turcos entremostram cerca de 20 nós por 2,5 cm2; os
chineses, 45; os do Beluchistão, 55; os caucasianos, 70; os
Kirman e os Tabriz, 80; os Bokhara, 200, e os Kashan, 250.
Os tapetes orientais são obras de arte renascentistas,
passadas de geração em geração por milênios, representando
uma parte exótica do oriente.
As exportações para a Europa continuaram muito intensas até ao
séc. XVIII, caindo verticalmente no séc. XIX - quando os tapetes
começam a ser conhecidos por seu local de origem: Smirna,
Ghiordes, Latik, Bergamo, Karaman, etc. No séc. XVII a demanda
foi tão grande, por parte de certos países europeus, que alguns
tapetes de seda da Dinastia dos Safávidas tornaram-se conhecidos
como "poloneses", já que eram do especial agrado dos soberanos
da Polônia.
O
ponto culminante da arte do tapete na Pérsia acha-se
representado pela produção em cinco cidades, entre os séc. XVI e
XVII: Kashan, Kirman, Isphahan, Meched e Tabriz. Os artesãos
utilizam-se ora do ponto persa ***(no qual o primeiro fio é
circundado, e o segundo enlaçado), ora do turco (dois fios
atados pelas pontas inferiores) em motivos variados, três dos
quais aparecem com maior freqüência: o Herati (buquê de flores),
que é o mais comum de todos, o Boteh (decoração à base de
palmas) e o Ferahan (peixe estilizado). Por vezes existem, ao
lado desses tapetes de nós, tapetes tingidos, nos quais os fios
que formam o motivo são tingidos segundo uma técnica mais ou
menos idêntica à dos Gobelins. Na Europa, uni dos primeiros
países a fabricar tapetes foi a Espanha (séc. XV),
localizando-se em Almeria Cuenca, Alcara e Alpujarra os mais
conhecidos centros de produção. Os primeiros tapetes ingleses,
do séc. XVI imitam os Ouchak, mas no séc. XVII os motivos
orientais foram substituídos pelos que aparecem no mobiliário
inglês da época.
Em inícios do séc. XIX, os tapetes passaram a ser produzidos por
processo mecânico. Na França, os mais antigos tapetes recuam ao
séc. XVI e foram feitos em Aubusson. No séc. XVII, um artesão,
Simon Lourdet, começa a elaborar tapetes florais que iriam
conhecer grande sucesso na corte. Como o edifício em que se
abrigava sua manufatura fora uma antiga manufatura de sabões,
depois transformada em orfanato, os tapetes de Lourdet
tornaram-se conhecidos como de la Savonnerie, e assim iriam
continuar mesmo depois que, em 1825, a manufatura instalou-se
nas oficinas dos Gobelins durando ainda hoje.
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