Há milhares de anos tapetes de peles de animais já eram utilizados para proteção contra o frio, dispostos no chão ou na confecção de roupas. Porém a história do tapete remonta ao II milênio A.C., acreditando-se que tenha sido introduzido no Egito, vindo da Mesopotâmia, Em tempos do Faraó Tutmés III (1490-1436 A.C.). Como os tecidos dificilmente suportam a ação do tempo, são raríssimos os exemplares de antes do séc. III ou IV D.C., como as tapeçarias chinesas da Dinastia Han, os chamados fragmentos de Loulan e as peruanas da cultura Paracas. No entanto, em 1949 encontrou-se no Vale de Pasyryk, No monte Altai na fronteira entre a Sibéria Meridional e a Mongólia, Por arqueólogos soviéticos que ao desenterrar a tumba de um príncipe, foi então encontrada uma urna de ferro contendo um tapete que deve datar de cerca de 500 A.C.. De excelente qualidade e muito bem conservado, ostenta uma decoração com motivos de caça (cervos e cavaleiros), circundada por folhagens estilizadas. Conhecem-se também espécimes ainda mal estudados, via de regra classificados como coptas, mas em verdade correspondendo à cultura pré-islâmica do Oriente Próximo. Peças apresentando formas humanas e animais foram achadas em tumbas egípcias dos séc. IV e V da era cristã.

Mas a idade áurea do tapete situar-se-ia entre os séc. XV e XVIII, sobretudo na Pérsia, onde já eram produzidos no séc. V D.C. A partir do séc. XII, quando têm início as relações comerciais e culturais entre o Oriente Próximo e a Itália, os tapetes da Ásia Menor começam a chegar em bom número à Europa, atingindo inclusive o Norte. Alguns destes tapetes conservam-se ainda, e apresentam uma ornamentação à base de letras e formas geométricas. Em 1514, os turcos apoderaram-se de Tabriz, tradicional centro produtor; nos dois séculos seguintes, a tapeçaria persa iria repercutir fundamente em toda a produção têxtil da Ásia Menor. Os tapetes dessa época mostram uma rica decoração floral, com ausência de representação humana ou animal (manufatura de Constantinopla), ou então o medalhão central do qual se irradiam outros medalhões, entremeados de arabescos (Ouchak).

Tapetes podem ser definidos como produtos têxteis feitos geralmente à mão e consistindo num certo número de fios verticais paralelos (cadeia), atravessados em ângulo reto por fios horizontais de várias cores (trama), dispostos em nós ou pontos de tipos e dimensões também variados, que formam um motivo ou desenho naturalista ou geométrico. Os tapetes destinam-se quase todos ao revestimento de pisos, embora os haja para outros fins (como os que forram selas de montaria, por exemplo); ou às tapeçarias, que funcionam como decorações murais, como uma pintura.

A maioria dos tapetes orientais é confeccionado em Lã, tendo na sua base o algodão, porém muitos tapetes são bordados em seda ou lã de camelo. Seu tingimento muitas vezes desbotado em algumas partes deve-se ao fato de serem utilizados corantes animais, vegetais e minerais.O leite de ovelha e ou urina é geralmente utilizado para fixar o pigimento. Os tapetes tribais, como são conhecidos, são tecidos em teares horizontais, no chão, por serem confeccionados por tribos nômades ou em pequenas aldeias mais isoladas. Seus desenhos geométricos a cor vermelha e suas laterais tortuosas são características comuns neste tipo de tapete. Já os tapetes de cidade, são tecidos em teares verticais, com desenhos muito elaborados, a quantidade de nós é muito maior, dando uma definição detalhada ao desenho. De acordo com o uso a que se destinam, pode-se distinguir uma grande variedade de tapetes: os de oração, talvez os mais apreciados, geralmente de boa qualidade e facilmente reconhecíveis, por ostentarem como motivo de sua decoração um desenho em forma de nicho pontiagudo (mihrab), sobre o qual o fiel se ajoelha, apontando-o em direção a Meca; os funerários, não raro exibindo um cipreste estilizado entre seus ornatos; os de tenda, de grandes dimensões, entre outros. Muito afamados são os chamados tapetes de Meca, ou Shiraz de Meca, que se destinavam a serem ofertados a mesquitas, e provinham quase sempre da cidade persa de Shiraz. A qualidade e o preço de um tapete são aquilatados segundo a beleza de sua decoração, a antigüidade (consideram-se antigos todos os tapetes executados antes de 1870, isto é, antes da introdução, na fabricação, de corantes à base de anilinas),dimensões, estado de conservação, perfeição e minúcia de execução. Existe uma relação direta entre o número de nós por cm2 (contados no dorso da peça em exame, com auxílio de uma lupa) e seu valor monetário, estimando-se que 100 nós por cm2 correspondam a uma fina execução, e oito nós, a uma elaboração grosseira. As texturas mais cerradas procedem da Pérsia, sobretudo de Kashan. Em exemplares comuns, os tapetes turcos entremostram cerca de 20 nós por 2,5 cm2; os chineses, 45; os do Beluchistão, 55; os caucasianos, 70; os Kirman e os Tabriz, 80; os Bokhara, 200, e os Kashan, 250. Os tapetes orientais são obras de arte renascentistas, passadas de geração em geração por milênios, representando uma parte exótica do oriente.

As exportações para a Europa continuaram muito intensas até ao séc. XVIII, caindo verticalmente no séc. XIX - quando os tapetes começam a ser conhecidos por seu local de origem: Smirna, Ghiordes, Latik, Bergamo, Karaman, etc. No séc. XVII a demanda foi tão grande, por parte de certos países europeus, que alguns tapetes de seda da Dinastia dos Safávidas tornaram-se conhecidos como "poloneses", já que eram do especial agrado dos soberanos da Polônia.

O ponto culminante da arte do tapete na Pérsia acha-se representado pela produção em cinco cidades, entre os séc. XVI e XVII: Kashan, Kirman, Isphahan, Meched e Tabriz. Os artesãos utilizam-se ora do ponto persa ***(no qual o primeiro fio é circundado, e o segundo enlaçado), ora do turco (dois fios atados pelas pontas inferiores) em motivos variados, três dos quais aparecem com maior freqüência: o Herati (buquê de flores), que é o mais comum de todos, o Boteh (decoração à base de palmas) e o Ferahan (peixe estilizado). Por vezes existem, ao lado desses tapetes de nós, tapetes tingidos, nos quais os fios que formam o motivo são tingidos segundo uma técnica mais ou menos idêntica à dos Gobelins. Na Europa, uni dos primeiros países a fabricar tapetes foi a Espanha (séc. XV), localizando-se em Almeria Cuenca, Alcara e Alpujarra os mais conhecidos centros de produção. Os primeiros tapetes ingleses, do séc. XVI imitam os Ouchak, mas no séc. XVII os motivos orientais foram substituídos pelos que aparecem no mobiliário inglês da época.

Em inícios do séc. XIX, os tapetes passaram a ser produzidos por processo mecânico. Na França, os mais antigos tapetes recuam ao séc. XVI e foram feitos em Aubusson. No séc. XVII, um artesão, Simon Lourdet, começa a elaborar tapetes florais que iriam conhecer grande sucesso na corte. Como o edifício em que se abrigava sua manufatura fora uma antiga manufatura de sabões, depois transformada em orfanato, os tapetes de Lourdet tornaram-se conhecidos como de la Savonnerie, e assim iriam continuar mesmo depois que, em 1825, a manufatura instalou-se nas oficinas dos Gobelins durando ainda hoje.